sábado, 29 de setembro de 2007

Poema torto

Meu corpo é tarde
entumesce e arde
escurece e plano
ao sabor do vento
em sua direção

Corro ao sopé da noite
e posso deitar com a lua
num cianopurpúreo lençol
e comer sete mil nuvens
ao molho de pôr-do-sol

Meu corpo é tarde
E rima com amanhecer
Rima com chuva fina
Et a sourire arqué

E o foda é que meu corpo o é
sem nunca saber porque.




à D. C.

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Acorda! Pra saber se já passou
o trem (sonhou?)
Acorda! Vai saber que já perdeu
e vem
como notas de um silêncio - só.
Mas vem.

Viva pra mudar se você é
alguém!
Acorda pra viver se você é
ninguém
- o silêncio de uma nota só.

Mas vem.

Contagem regressiva countdown

Tarde, ontem, de setembro
a primavera anunciou
no céu que se enublava:
- vento.
Ventava.
Ventou
tanto que a saia que só balançava
quase do avesso virou.

Ainda não sois plena no instante
mas logo, em duas, três semanas
Florescerás fulminante!
E os amores, todos, meus
renascerão pra mim, assim
como plantas dum etéreo jardim
que ao ver do inverno o fim
tranfiguram-te a ti, ó primavera,
num renascer de mim.

Por mim mesmo.