terça-feira, 10 de abril de 2007
Pé de amora
Com todo o prazer, republico este, dos poemas que mais gosto. É uma tragédia quando os artistas começam a gostar deles mesmos, já disse Mário Quintana, mas esses versos vão além do trivial. É um prazer tê-los compostos.
Se permitir a comparação,
teu colo é como descansar
debaixo de um pé de amora
ao pleno romper da aurora,
contente apenas em apreciar
no céu, qualquer constelação.
És as folhas, o galho,
a terra molhada
a pele encharcada
por gotas de orvalho
o frio, o calor,
a ternura, o rubor.
És maior do que a figura
do pé de amora em toda sua altura.
Assoma todo um universo em particular
do nascimento ao renascimento,
que a natureza se encarrega de perpetuar
a todo segundo, a cada momento.
És a fruta que existiu outrora,
a semente certa semeada,
seiva! Chuva! Céu!
Entrepostos entre o mar e o mel,
fez-te linda, germinada
ó flor, delicada que é agora;
- sublime ponta de gêmula
que brisa acaricia trêmula.
Ah! Quanta paz
essa amoreira me traz!
E é tão puro, e sempre, e tanto,
que até o poetinha
cantaria ao encanto
da sua sombra à tardinha.
E do olor que, vê! Aflora!
Desse lindo pé de amora.
domingo, 8 de abril de 2007
Poema de uma noite ensolarada
Pois é.
Enquanto dormias,
não reparastes no céu
vermelho, faiscante,
depois da chuva, foi
amor nos olhos de quem vê,
refresco num calor de mente urbana
aurora no torpor de amanhecer
desejo na boca de quem ama.
Enquanto dormias,
não reparastes no céu
vermelho, faiscante,
depois da chuva, foi
amor nos olhos de quem vê,
refresco num calor de mente urbana
aurora no torpor de amanhecer
desejo na boca de quem ama.
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