A noite que chegava tinha um cheiro bom; a lua ia alta no céu, amarela, quase fluorescente; o mundo era cheio de cor. Sabia, mas sem saber que era ela quem lhe transmitia tais frequências pensamento-vibracionais que o deixavam tão exultante quanto uma lufada de vento deixa a gente, na primeira vez que vai a praia. Era ela. E ela não era a lua, que fique claro. Era ela e ponto.
— Puxa vida! É a menina mais linda que eu já vi!
O pensamento saiu tão alto que ele até olhou pro lado, chegou a escutar as palavras ecoando. Como um berro mesmo. Mas ela era tão luminescente que nem ligou.
— Deve ser normal.
— Quê?
—An?
— Quê que é normal?
Ah, nada. Tô pensando alto.
— Toca aquela dos Los Hermanos?
Uma roda de violão pode ser a coisa mais proveitosa pra quem toca o citado instrumento — basta saber se comportar com elegância, e possuir um extenso índice musical nas pontas dos dedos. E ele estava ao ponto de derreter ao observar, encantado completamente, aqueles lábios se expressando naqueles belos movimentos que só o português permite.
—Nussasinhora!
— An?
O pensamento saltara-lhe mais uma vez, como uma interjeição. Dessa vez, precisou desfarçar;
— Preciso parar de fumar.
— Ai, eu também!
— Pois é, tá acabando com minha voz...
quinta-feira, 9 de agosto de 2007
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