domingo, 2 de dezembro de 2007

Tourneé Carmense-Trespontense

Salve, Papa


O espelho d´água

É, eu sei. Ele olhava pra mim.


Êta Furnas!




sábado, 17 de novembro de 2007

Que é?

Que coisa boa é essa
que me toma pelos olhos
que me rende pelo cheiro
e se tá distante
eu digo não
quero-te perto.
Quero-te então
que quão mais certo
muito não é o bastante
e tudo é sensação
é frio na barriga
é eu a suspirar
por ti
saudoso.
Que coisa é essa?
É delícia!
És tu!
Só mal de amor
que não tem cura
pra quem tem fé:
— ventura.

Passando vem,
o gosto apura.
Passando vai,
perdura.

O teu sorriso a
verter candura
provoca o meu:
— ternura.

Quem fez te a ti
fez com doçura
tão meiga flor,
tão pura!
Pode ser que eu demore
mas vê se não repara
provável é que eu melhore
se eu ficar cara a cara.

Poeta bem atinado
é difícil de encontrar
escreve o trem mais complicado
mas é incapaz de de tocar

Nasceu pra perceber
nasceu pra compreender
mas não dá conta de expressar.

Não nasceu pra ser amado.
Não nasceu pra ser possível.
Nasceu interestelar.


à S.F
Bate no peito feito locomotiva
desembestado, cuspindo fogo
sempre quente, sempre viva
subjugado rendeu-se logo.

Saudade queima, incandescente
é de vapor o verso meu
que faz correr sobre o dormente
meu querer por sobre o teu.

Ah! Pára essa férrea composição
que de ferrovia tenho nada.
Quero forte! Quero tão!
Estar contigo! Tal e qual!
Passear na chuva - mãos trançadas
sentindo o cheiro de natal.
Não escolho em que pensar,
especificamente,
só pra render essa sensação
de borboletas no estômago.
Amor de suposições
especulações lascivas
mistura de querer infantil
com necessidade humana
emoções nativas, cativas
calor que queima - chama.

Uma parte de mim gosta tanto dessa sensação
que por vezes chega a preferir a vontade te consumir
que saborear o fato consumado.

A pílula do esquecimento

Caro amigo, ouça-me atento:
— Se nas farmácias fosse vendida
a pílula do esquecimento
amnésia sob medida
com devastação controlada
e efeito cumulativo
pra esquecer das horas em que desatento
ou imperito ou imprudente
lhe foi de posterior desagrado
o momento.

Contraceptivo da culpa
anti-ressaca moral
dois ou três são bastantes
pra apagar o final
da madrugada de ontem
à (sem agá mesmo, e com crase) poucos minutos atrás.
Madrugada de ontem?
Essa eu já nem lembro mais.

Pessoas viveriam mais tranquilas
relações não seriam findadas
à custa de bobagens tolas.

Compre sua cartela e seja feliz.

Isso sem falar nos inúmeros caso de overdose.

sábado, 29 de setembro de 2007

Poema torto

Meu corpo é tarde
entumesce e arde
escurece e plano
ao sabor do vento
em sua direção

Corro ao sopé da noite
e posso deitar com a lua
num cianopurpúreo lençol
e comer sete mil nuvens
ao molho de pôr-do-sol

Meu corpo é tarde
E rima com amanhecer
Rima com chuva fina
Et a sourire arqué

E o foda é que meu corpo o é
sem nunca saber porque.




à D. C.

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Acorda! Pra saber se já passou
o trem (sonhou?)
Acorda! Vai saber que já perdeu
e vem
como notas de um silêncio - só.
Mas vem.

Viva pra mudar se você é
alguém!
Acorda pra viver se você é
ninguém
- o silêncio de uma nota só.

Mas vem.

Contagem regressiva countdown

Tarde, ontem, de setembro
a primavera anunciou
no céu que se enublava:
- vento.
Ventava.
Ventou
tanto que a saia que só balançava
quase do avesso virou.

Ainda não sois plena no instante
mas logo, em duas, três semanas
Florescerás fulminante!
E os amores, todos, meus
renascerão pra mim, assim
como plantas dum etéreo jardim
que ao ver do inverno o fim
tranfiguram-te a ti, ó primavera,
num renascer de mim.

Por mim mesmo.

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Ela e ele

A noite que chegava tinha um cheiro bom; a lua ia alta no céu, amarela, quase fluorescente; o mundo era cheio de cor. Sabia, mas sem saber que era ela quem lhe transmitia tais frequências pensamento-vibracionais que o deixavam tão exultante quanto uma lufada de vento deixa a gente, na primeira vez que vai a praia. Era ela. E ela não era a lua, que fique claro. Era ela e ponto.
— Puxa vida! É a menina mais linda que eu já vi!
O pensamento saiu tão alto que ele até olhou pro lado, chegou a escutar as palavras ecoando. Como um berro mesmo. Mas ela era tão luminescente que nem ligou.
— Deve ser normal.
— Quê?
—An?
— Quê que é normal?
Ah, nada. Tô pensando alto.
— Toca aquela dos Los Hermanos?
Uma roda de violão pode ser a coisa mais proveitosa pra quem toca o citado instrumento — basta saber se comportar com elegância, e possuir um extenso índice musical nas pontas dos dedos. E ele estava ao ponto de derreter ao observar, encantado completamente, aqueles lábios se expressando naqueles belos movimentos que só o português permite.
—Nussasinhora!
— An?
O pensamento saltara-lhe mais uma vez, como uma interjeição. Dessa vez, precisou desfarçar;
— Preciso parar de fumar.
— Ai, eu também!
— Pois é, tá acabando com minha voz...

sexta-feira, 22 de junho de 2007

Reconhecimento



O legislativo acaba de se pronunciar.
Até agora a secretaria de cultura não se manifestou.

terça-feira, 19 de junho de 2007

Saiu no Jornal



E na capa, diga-se de passagem.

A idéia da banda "Tele", daqui de Divinópolis, adormecida, até então, ganha vida nova nas mãos de Pedro Flora. A busca pela revitalização do espaço, aliada à necessidade de um palco destinado à produção musical divinopolitana foi destaque nas páginas do Jornal Agora (de Divinópolis) na última sexta-feira. E a primeira etapa dessa nova fase foi um completo sucesso. Ingressos esgotados e clima perfeito, na tarde do sábado, 16. Além do show do Pedro Flora, o evento contou com a exposição do fotógrafo Evandro Araújo. Sucesso de público e de crítica, é mais uma iniciativa particular nessa cidade tão carente de uma mão pública cultural.

sábado, 12 de maio de 2007

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Poucas coisas sossegam tanto
e me acalmam o olhar
paro pra reparar
e reparo o quanto
a natureza foste generosa
a ti, que fez formosa
como paisagem de final de abril
flor, montanha, céu azul e rosa
num entardecer de si mesma
cor de crepúsculo refletida na manhã anil

Olhar pra ti é contemplar o mistério
e vislumbrar sua explicação
sem entender nada demais.
é sentir no peito vão o deleite da visão,
é querer voltar no tempo
sem poder olhar pra trás.

Que me dessem todas as paisagens
mais maravilhosas paisagens
do equador e qual-o-quê:
- Sem ti seriam pura matemática,
Coisa linda de se ver.

terça-feira, 10 de abril de 2007

Pé de amora


Com todo o prazer, republico este, dos poemas que mais gosto. É uma tragédia quando os artistas começam a gostar deles mesmos, já disse Mário Quintana, mas esses versos vão além do trivial. É um prazer tê-los compostos.


Se permitir a comparação,
teu colo é como descansar
debaixo de um pé de amora
ao pleno romper da aurora,
contente apenas em apreciar
no céu, qualquer constelação.

És as folhas, o galho,
a terra molhada
a pele encharcada
por gotas de orvalho
o frio, o calor,
a ternura, o rubor.

És maior do que a figura
do pé de amora em toda sua altura.
Assoma todo um universo em particular
do nascimento ao renascimento,
que a natureza se encarrega de perpetuar
a todo segundo, a cada momento.

És a fruta que existiu outrora,
a semente certa semeada,
seiva! Chuva! Céu!
Entrepostos entre o mar e o mel,
fez-te linda, germinada
ó flor, delicada que é agora;
- sublime ponta de gêmula
que brisa acaricia trêmula.

Ah! Quanta paz
essa amoreira me traz!
E é tão puro, e sempre, e tanto,
que até o poetinha
cantaria ao encanto
da sua sombra à tardinha.
E do olor que, vê! Aflora!
Desse lindo pé de amora.

domingo, 8 de abril de 2007

Poema de uma noite ensolarada

Pois é.
Enquanto dormias,
não reparastes no céu
vermelho, faiscante,
depois da chuva, foi
amor nos olhos de quem vê,
refresco num calor de mente urbana
aurora no torpor de amanhecer
desejo na boca de quem ama.